Na madrugada de sábado, 5 de outubro, Patrocínio foi palco de mais um capítulo polêmico envolvendo a distribuição de cestas básicas durante o período eleitoral após liberação do REDS.
O episódio expôs não apenas irregularidades, mas também a propagação de informações falsas, envolvendo até mesmo o prefeito, que publicou um vídeo com alegações que não correspondem aos fatos.
Em seu pronunciamento, o prefeito afirmou que Luizinho e um tenente teriam sido presos, o que foi rapidamente desmentido.
Nenhuma prisão foi efetuada, apenas a apreensão de uma arma de fogo e da caminhonete Fiat Toro, que transportava 36 cestas básicas – número que também diverge da informação inicial de 33 cestas divulgada pelo próprio prefeito.
Essa discrepância, além de enfraquecer a narrativa oficial, expõe a falta de transparência nas ações da administração municipal.
Outro ponto crítico foi a divulgação antecipada do boletim de ocorrência (REDS), que só foi liberado na madrugada de sábado, enquanto já circulavam informações de que o documento estaria disponível antes desse prazo.
Essa sequência de desencontros de informações reforça a sensação de que a verdade está sendo manipulada, com o intuito de moldar a opinião pública.
Irregularidades na distribuição de cestas básicas
O uso de um veículo descaracterizado da Secretaria de Obras, conduzido por servidores que não têm relação direta com a área social, é um dos aspectos mais preocupantes deste episódio.
As cestas deveriam estar sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, e não nas mãos de funcionários da Secretaria de Obras – que, vale lembrar, não tem atribuições relacionadas à distribuição de ajuda humanitária.
A questão do desvio de função agrava ainda mais o cenário.
A caminhonete envolvida no episódio, utilizada regularmente por um subsecretário, foi dirigida por um serralheiro e um ajudante de caminhão de abastecimento, nenhum dos quais possui habilitação oficial para conduzir veículos da administração pública.
Isso configura uma clara violação das normas administrativas, gerando mais um ponto de questionamento quanto à legalidade e moralidade da ação.
Além disso, o fato de o veículo não estar adesivado, como se tentasse passar despercebido, lança uma sombra de suspeita sobre a operação.
Se não havia nada de irregular, por que não utilizar um veículo oficial claramente identificado?
E por que os envolvidos não esperaram pela chegada da Polícia Militar para apresentar a documentação e esclarecer a situação?
Uma novidade preocupante
O uso de cestas básicas como moeda política não é novo, mas a forma como esse episódio se desenrolou em Patrocínio traz à tona uma “novidade”: a utilização de servidores e veículos da Secretaria de Obras para distribuir alimentos, algo inédito no país.
Tradicionalmente, esse tipo de ação caberia à Secretaria de Desenvolvimento Social, cujo papel é gerenciar programas de assistência à população em vulnerabilidade.
Esse desvio de função revela uma tentativa desordenada de conduzir ações assistencialistas, possivelmente com fins eleitorais.
A pergunta que fica é: quantas outras situações semelhantes podem estar ocorrendo nos bastidores?
Reflexão final
A gestão de Patrocínio, ao invés de priorizar a transparência, opta por uma narrativa cheia de contradições, expondo a cidade a mais um escândalo.
Em tempos de desconfiança e polarização política, é imprescindível que a verdade prevaleça e que o uso de recursos públicos seja feito de forma ética, sem desvio de finalidade ou manipulação da informação.
Este caso deve servir de alerta para que medidas sejam tomadas para garantir a lisura no trato da coisa pública.
Patrocínio agora constrói “Obras” com cestas básicas?