
Nem sempre o público enxerga o que acontece nos bastidores do sistema de saúde. No caso do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), a situação é ainda mais delicada. Embora o programa seja essencial para c que precisam de atendimento especializado em outras cidades, os profissionais que atuam nesse setor enfrentam uma rotina desgastante — e, muitas vezes, invisível.
Todos os dias, servidores lidam com pedidos urgentes, prazos apertados e a pressão constante das famílias em busca de respostas. “As pessoas acham que não queremos marcar os atendimentos, mas na verdade estamos correndo atrás de vagas, resolvendo pendências e tentando contornar os entraves burocráticos”, relata uma servidora da área.
Um dos principais pontos de confusão está na dinâmica das filas. Quando um paciente precisa de um procedimento fora de sua cidade, o pedido é enviado ao município de destino. A responsabilidade pela marcação, então, passa a ser daquela cidade. No entanto, é comum que os pacientes cobrem o setor local, sem entender esse fluxo.
“A impressão que se passa é que estamos parados, sem fazer nada. Mas não é assim. Gv vi incansavelmente para dar andamento aos casos, mesmo quando as respostas demoram ou não vêm”, explica.
O desabafo não é só sobre a burocracia. Também há um sentimento recorrente de desvalorização. Segundo os servidores, é comum que o mérito por soluções encontre outros protagonistas, como vereadores ou secretários. Enquanto isso, o esforço diário da equipe técnica segue ignorado. “Quando conseguimos resolver um caso difícil, quase ninguém reconhece. A notícia boa geralmente tem outro dono”, lamenta.
A proposta de dar visibilidade a esse lado do TFD é, acima de tudo, uma tentativa de mostrar o empenho de quem está na linha de frente. Gente que, mesmo sem aplausos, continua trabalhando para garantir que cada paciente tenha acesso ao cuidado que precisa — ainda que longe de casa.