
O tempo passa, as promessas se acumulam, mas a realidade permanece dura e implacável. O Brasil de hoje não é o mesmo de ontem, e a pergunta que ecoa é simples, porém profunda: ainda estou aqui?
Ainda estou aqui, esperando a volta da democracia. Mas qual democracia? Aquela onde discordar virou crime, onde questionar pode levar à censura e onde a liberdade de expressão tem limites definidos por quem está no poder?
Ainda estou aqui, esperando o fim da corrupção. Mas como acabar com algo que já se tornou parte do sistema? Os mesmos escândalos, os mesmos rostos, os mesmos discursos vazios, enquanto o povo segue pagando a conta.
Ainda estou aqui, esperando a picanha, o ovo e o café baixarem para não morrer de fome. A inflação engole o salário, a mesa fica cada vez mais vazia, e aqueles que deveriam resolver o problema parecem ignorar o drama diário de milhões.
Ainda estou aqui, esperando alguém pôr fim à ditadura do judiciário. Um poder que já não responde a ninguém, que julga sem ser julgado, que decide sem ser questionado. Quem governa de fato esse país?
Ainda estou aqui, esperando pelo fim da Síndrome de Estocolmo. O povo continua refém dos mesmos líderes, dos mesmos grupos, das mesmas promessas que nunca se cumprem. Será que nos acostumamos a viver presos?
Ainda estou aqui, esperando as críticas de um filme que se consagrou na hipocrisia. Um filme que denuncia a ditadura do passado, que vende o Oscar de melhor filme estrangeiro, mas que ignora a ditadura implacável do presente, que persegue, tortura, censura e faz novas vítimas como os presos do 8 de janeiro.
Ainda estou aqui, disseram os comunistas quando viram a Sasa do Supremo. O jogo de interesses segue forte, as alianças improváveis continuam moldando o destino do país, enquanto o cidadão comum assiste, impotente.
Por fim, ainda estou aqui? Ou já fomos silenciados, sufocados, apagados? O tempo dirá. Se ainda houver tempo.