
Em uma decisão que já causa arrepios de incredulidade, a Câmara Municipal de Patrocínio, MG, aprovou, no dia 12 de março de 2025, o Decreto Legislativo Nº 526, conferindo o título de Cidadã Honorária à Deputada Federal Delegada Ione Barbosa.
Afinal, o que mais poderia faltar para um município com uma história de honrarias cada vez mais enigmáticas e, no mínimo, questionáveis?
Não bastassem as “ilustres” figuras como Fernanda Torres e o Senador Cleitinho, que receberam homenagens similares, agora é a vez de uma delegada de fora, com pouca conexão real com a cidade, ser celebrada.
A Delegada Ione Barbosa, que é formada em Direito e Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), parece mais uma sombra distante para Patrocínio.
A cidade que agora a consagra com o título de Cidadã Honorária dificilmente figura em sua trajetória. E vale ressaltar: até hoje, Ione Barbosa nunca pisou em Patrocínio, não tem raízes aqui e, até o momento, não fez qualquer contribuição palpável para o desenvolvimento da cidade.
Enquanto isso, moradores de Patrocínio, que dedicam suas vidas à comunidade, continuam sem esse reconhecimento. São tantas pessoas que, de fato, ajudam a construir a cidade dia após dia, mas que sequer foram lembradas com a cidadania honorária.
No lugar delas, figuras de fora, com pouquíssima conexão com a realidade local, parecem ganhar protagonismo. O título de Ione Barbosa, portanto, não soa como uma celebração da cidade, mas como um prêmio que parece mais direcionado a uma aliança política ou uma estratégia de prestígio do que a um verdadeiro mérito.
Este título – que, convenhamos, deveria ser reservado para figuras que contribuíram de forma efetiva para o município – parece mais uma jogada de marketing político do que uma honraria genuína.
A ironia de uma deputada federal, com raízes bem distantes de Patrocínio, ser agraciada com tamanha distinção não passa despercebida. Ao invés de criar um vínculo verdadeiro com a cidade, a outorga desse título parece mais uma cortesia a uma aliada política.
O texto do Decreto também esclarece que o evento será realizado em uma sessão solene, cuja data, ao que tudo indica, será marcada com a participação da homenageada (Via MEET?).
E para os que se preocupam com os custos, a Câmara garante que as despesas correrão por conta de uma dotação orçamentária própria. Ou seja, o orçamento já tem essa generosa quantia reservada para celebrar uma “cidadã honorária” que não faz ideia de onde fica a cidade que agora a reverencia.
Nada como um bom Decreto Legislativo para nos lembrar que, às vezes, as honrarias têm mais a ver com a política do que com a real contribuição ao município.
E, claro, é sempre uma boa oportunidade para reforçar os laços de poder e prestigiar aqueles que se mostram “úteis” ao longo da trajetória política local.
Patrocínio, como sempre, fiel ao seu estilo peculiar de homenagear quem não pede, mas provavelmente agradece.