
Esquecido por oito anos, bairro Manuel Nunes enfrenta caos estrutural, e Secretaria de Obras mobiliza força-tarefa para conter os danos
Um fato inédito marcou a rotina dos moradores do bairro Manuel Nunes, uma comunidade que há oito anos sofre com o abandono do poder público.
Cercados por problemas crônicos, moradias precárias, falta de saneamento básico e ausência total de asfalto, os moradores convivem diariamente com a falta de dignidade.
As últimas chuvas intensas foram o estopim de um cenário já alarmante, gerando pânico e agravando a vida de quem reside nas áreas sem pavimentação.
Nessas partes do bairro, fruto de invasões e de um crescimento urbano desordenado, a lama e as enxurradas invadiram casas, expondo a fragilidade da infraestrutura local e a vulnerabilidade das famílias.
A maioria dos moradores veio de cidades do norte de Minas, da Bahia e de outros estados, atraídos pelo café e pela estrutura da cidade.
Muitos saíram de suas terras em busca de um futuro melhor e, ainda que enfrentem condições precárias aqui, encontram uma realidade menos hostil do que em seus locais de origem.
O bairro Manuel Nunes é o reflexo nítido de um país marcado pela desigualdade e por políticas assistencialistas ineficazes, que não oferecem soluções reais para a inclusão social e econômica dessa população.
O crescimento desordenado causado por invasões agrava ainda mais a situação.
Com ele, vem uma avalanche de problemas: pressão sobre os serviços de saúde, falta de moradias, aumento da violência e a expansão do tráfico de drogas, que encontra um terreno fértil para se estabelecer e dominar a comunidade.
Além disso, a crescente demanda por creches, escolas e segurança pública sufoca a cidade, exigindo investimentos que, até agora, nunca chegaram.
A população do Manuel Nunes sofre em todas as frentes – infraestrutura praticamente inexistente, saúde e educação inacessíveis e um cotidiano repleto de dificuldades.
Diante desse cenário de abandono, a Secretaria de Obras promoveu uma verdadeira força-tarefa para minimizar o sofrimento das famílias.
Pela primeira vez, uma equipe foi mobilizada para realizar melhorias emergenciais no bairro.
Foram deslocados 10 pedreiros e inúmeros serventes para atuar em ações que nunca haviam sido feitas ali.
O trabalho incluiu a construção de calçadas, meio-fios, bocas de lobo, manutenção das ruas sem asfalto e obras para conter o fluxo da água da chuva, que vinha invadindo as casas e trazendo ainda mais transtornos aos moradores.
Embora essas medidas sejam apenas paliativas, a iniciativa teve um impacto imediato na vida da comunidade.
No entanto, a única solução real para o problema passa por decisões estruturais: um programa habitacional eficaz para reassentar essas famílias ou até mesmo uma estratégia como o “De volta pra minha terra”, que poderia auxiliar aqueles que desejam retornar às suas cidades de origem (melhor opção).
A desfavelização é o único caminho para evitar que essa situação se agrave ainda mais e para impedir que novas áreas de risco se consolidem.
Thiago Malagoli, ao comandar essa ação emergencial, conseguiu amenizar o sofrimento dos moradores do Manuel Nunes, marcando um ponto positivo à frente da Secretaria de Obras.
A intervenção pode não ter resolvido o problema na raiz, mas pelo menos demonstrou que, depois de anos de esquecimento, alguém finalmente olhou para essa população.