
Houve um tempo em que entrar em uma loja de celulares no Brasil era como mergulhar em um universo de possibilidades. Marcas diversas competiam por atenção, cada uma com seu estilo, funções e promessas.
Hoje, com a hegemonia de Apple, Samsung e, mais recentemente, Xiaomi, pode parecer difícil imaginar esse passado recente, mas entre as décadas de 1990 e 2010, o mercado era vibrante e disputado.
O pioneiro foi Lançado em 1984, o Motorola DynaTAC foi o primeiro celular comercial, com teclado numérico e display de uma linha.

Sua bateria durava apenas uma hora em conversação e 8 horas em espera. Com um custo mensal de US$ 50 para o serviço de voz, mais taxas de US$ 0,40/minuto durante o pico e US$ 0,24/minuto fora dos horários de pico, o aparelho era acessível apenas para os mais ricos, mas revolucionou a comunicação móvel.
Lançado em 1990, o Motorola PT-550, também conhecido como MicroTAC 550, foi o primeiro celular vendido no Brasil.

Com 348 g e 22,8 cm de altura, ganhou o apelido de “tijolão”. Apresentava um flip para proteger as teclas e estava disponível em cinza claro e escuro.
Sem câmera ou armazenamento, suas funcionalidades eram limitadas a identificador de chamadas e agenda telefônica. Sua bateria suportava apenas 2 horas de conversação e 15 horas em stand-by.
Lançado cinco anos após o PT-550, o Motorola DPC650 fazia parte da linha MicroTAC e se destacava por ser mais leve, com 221 g. Mantinha o design flip, com display monocromático e 22 teclas.

Sua bateria de níquel metal hidreto oferecia até 2 horas de conversação e 36 horas em modo de espera, representando uma leve melhoria em autonomia.
Lançado em 1998, o Nokia 5120 foi um dos primeiros celulares a vir com o popular jogo “Snake” (ou “jogo da cobrinha”), possível graças à sua tela de 5 linhas e resolução de 84 x 48 pixels.

Operando com a extinta tecnologia TDMA, o modelo tinha design em barra, media 48 x 132 x 31 mm e pesava 170 g. Um dos destaques era a possibilidade de trocar as carcaças frontal e traseira, que vinham em cores diferentes, além da antena fixa.
Em 1998, a Nokia lançou o 6160, o primeiro celular em formato barra. Pesando apenas 160 gramas, o modelo tinha display monocromático, antena externa e bateria com 3,3 horas de conversação.

Seu preço acessível e facilidade de uso fizeram do 6160 o celular mais vendido da Nokia na década de 90.
A finlandesa Nokia foi a rainha dessa era. Com modelos robustos como o lendário 3310, a marca conquistou os brasileiros pela resistência e confiabilidade.

Era comum ouvir histórias de quedas e acidentes em que o celular saía quase ileso — bastava encaixar a bateria de novo e tudo funcionava. O “jogo da cobrinha” virou febre, e muita gente ainda guarda esses aparelhos como relíquias.
Lançado em 2005, o Nokia 6280 se destacou por oferecer conectividade 3G, algo ainda raro na época.

Com design deslizante, o aparelho contava com uma tela colorida de 2,2 polegadas, unindo estilo moderno a recursos avançados para o período.
Lançado em 2006, o Nokia 5300 foi um dos destaques da linha XpressMusic, voltada para reprodução de músicas.

Com design deslizante e teclas dedicadas ao controle de áudio, o modelo se popularizou entre os jovens por combinar estilo e funcionalidade musical.
Mas a Nokia tropeçou quando o mundo virou touch. Enquanto Apple redefinia o que era um celular com o iPhone, a Nokia insistia em sistemas ultrapassados e, quando decidiu reagir, apostou no Windows Phone, uma escolha que não agradou o público.

Em 2025, foi confirmado o fim da linha: nenhum modelo Nokia está mais em produção.
Outra gigante que tentou — e não conseguiu — acompanhar a mudança foi a sul-coreana LG. Com aparelhos estilosos como o LG Chocolate e o pioneiro LG Prada, ela chegou a ser a terceira maior fabricante mundial em 2009.

Apostou em designs inovadores e até em celulares com corpo curvado, como o G Flex. Mas os lucros evaporaram, e em 2021, a LG saiu oficialmente do mercado de smartphones.
BlackBerry, por sua vez, era símbolo de status entre executivos. Com seus teclados QWERTY e foco em e-mails, a marca dominava o mercado corporativo.

Em 2010, chegou a controlar 20% do mercado global. Porém, sua resistência à mudança foi fatal. A empresa perdeu o timing dos apps e da tela sensível ao toque, zombou do iPhone no início e depois viu seu império desmoronar. Em 2016, deixou de fabricar celulares.
Quem curtiu música e fotografia com celular provavelmente teve um Sony Ericsson. A linha Walkman virou objeto de desejo entre os jovens, enquanto os modelos Cyber-shot elevaram a qualidade das câmeras móveis.

A parceria entre a japonesa Sony e a sueca Ericsson terminou em 2012, e a tentativa de seguir com a linha Xperia nunca alcançou o brilho do passado.
Lembrar da Siemens é sinal de que você já tem uma boa bagagem. A marca alemã foi uma das primeiras a apostar em celulares no Brasil.
Lançou, em 1997, o primeiro aparelho com tela colorida e também flertou com o design flip antes de isso virar tendência.

Mas escândalos internos e falta de inovação selaram seu destino: em 2006, a Siemens deixou o setor.
E a ZTE? Essa foi uma das primeiras chinesas a marcar presença no Brasil, muito antes da popularização da Xiaomi.

Seus celulares eram simples e acessíveis. Mas sanções dos EUA e problemas com fornecimento de componentes reduziram sua presença a quase nada.
O Motorola Razr V3, lançado em 2004, foi um dos celulares mais icônicos da era pré-smartphones, com design moderno e mais de 130 milhões de unidades vendidas.

Hoje, é item de colecionador, podendo valer mais de R$ 5 mil em bom estado.
O Motorola Pebl U6, lançado em 2005, se destacou pelo design moderno em formato concha, com acabamento emborrachado e abertura magnética.

Tinha câmera VGA, Bluetooth e suporte a mensagens multimídia, sendo o mais lembrado da linha Pebl.
Lançado em 2006, o Motorola Krzr K1 foi o primeiro da linha que seguia a estética da série Razr, mas com um design mais estreito e alto.

Com estrutura em metal e acabamento premium, o modelo combinava estilo sofisticado com funcionalidades modernas para a época.
O Samsung SGH-A800, com design flip e câmera embutida, fez sucesso em sua época. Hoje, é um modelo valorizado por colecionadores e pode alcançar valores acima de R$ 2 mil, conforme seu estado de conservação.

O Samsung E250, lançado em 2006, ficou famoso pelo design deslizante e moderno.

Com mais de 20 milhões de unidades vendidas, oferecia câmera, MP3 player, rádio FM e Bluetooth, sendo um dos modelos mais populares da época.
Lançado em 2007, o Nokia 5310 XpressMusic foi desenvolvido para quem gostava de ouvir música no celular.

Com design fino e leve, trazia botões dedicados para reprodução de áudio e câmera de 2 MP, além do visual marcante com detalhes coloridos.
Lançado em 2008, o Sony Ericsson W380 era voltado para quem amava música.

Parte da linha Walkman, tinha design dobrável, botões sensíveis ao toque e visor externo discreto com informações de faixa e chamadas.
Suportava rádio FM, reconhecimento de músicas e conexões via Bluetooth.
O Sony Ericsson K750i, lançado em 2005, chamou atenção por sua câmera de 2 megapixels com autofoco e flash, uma das melhores da época.

Tinha design compacto, teclado prático e bom desempenho como reprodutor de música, com suporte a vários formatos de áudio.
O Nokia 6101, modelo flip da era de ouro da Nokia, se destacou por sua câmera versátil que funcionava tanto para gravações quanto para selfies.

Contava com tela colorida, rádio, MP3, suporte a jogos em JAVA e funções úteis como alarme, conversor de unidades e dicionário. Sua bateria de 800 mAh oferecia até 240 horas em stand-by.
Lançado em 1996, o celular Star Tac fez sucesso por sua leveza, com apenas 88g e cerca de 10 cm de altura.

Um dos destaques era a capacidade de armazenar mais de 2 mil contatos, sendo vendido até 2003 devido à sua popularidade.
Lançado em 2001, o Siemens A40 foi um dos modelos mais populares da marca durante os anos 2000, especialmente no Brasil.

Seu design compacto e funcionalidades básicas, como envio de SMS e toques personalizáveis, conquistaram muitos usuários em uma época em que os celulares ainda eram voltados principalmente para ligações.
Um dos destaques foi a edição especial Oi MTV, desenvolvida para atrair o público infanto-juvenil, combinando comunicação com entretenimento e estilo.

A Siemens, então uma das marcas mais ativas no mercado mobile, consolidou sua presença com modelos como o A40, lembrado até hoje com nostalgia por quem viveu aquela geração.
O Siemens A50 foi lançado em outubro de 2002 e se destacou como um modelo simples e acessível.

Com design compacto e peso de 95 gramas, oferecia funções básicas, como envio de SMS, navegação WAP e alguns jogos. Sua bateria de 650 mAh garantia até 5 horas de conversação. Estava disponível em duas cores: azul e creme.
Lançado em 2002, o Nokia 1100 se destacou pelo design simples e funcional, com display monocromático, iluminação âmbar e uma bateria com impressionante autonomia de até 380 horas.

O aparelho oferecia capinhas coloridas, teclado de silicone e proteção contra poeira, além de uma lanterna no topo, o que lhe rendeu o apelido de “lanterninha”. Foi um grande sucesso de vendas, tornando-se o celular mais vendido do Brasil na época.
O Nokia 6111, lançado com design slider, destacava-se pela tela de 128 x 160 pixels e 252 mil cores.

Sua câmera de 1 megapixel, com flash LED e zoom digital de 6x, permitia gravar vídeos e fazer streaming. O aparelho suportava toques em MP3 e MP4 e oferecia a possibilidade de personalização com temas. Com uma bateria de longa duração, chegava a até 10 dias em modo de espera.
O Nokia N70 se destacou pelo design moderno e robusto, além de uma grande capacidade de memória interna de 22 MB, expansível com cartão de até 64 MB.

Equipado com uma câmera traseira de 2 megapixels e uma frontal VGA, o modelo rodava o sistema Symbian, permitindo o uso de aplicativos Java, gráficos aprimorados e jogos modernos. Também oferecia recursos como player de MP3 e suporte para mensagens multimídia.
Lançado em 2006, o Nokia N95 se destacou como um dos smartphones mais avançados da época, com uma câmera de 5 megapixels e lente Carl Zeiss, oferecendo qualidade de imagem equivalente às câmeras digitais.

Seu design deslizante permitia acessar o teclado alfanumérico ou os controles multimídia, enquanto sua parte traseira, mais escura, reforçava sua semelhança com uma câmera.
O aparelho também trazia recursos como gravação de vídeos em qualidade DVD, navegação GPS, acesso a e-mails e a capacidade de baixar músicas e vídeos via 3G, tudo com 160 MB de memória interna. Isso sim, era ostentação.
Lançado em 2006, o Nokia 5200, com seu design em plástico branco e detalhes coloridos em vermelho ou azul, conquistou jovens e adolescentes.

Equipado com uma câmera VGA, o celular permitia gravar vídeos e reproduzir músicas em MP3. Além disso, oferecia acesso à internet e expansão de memória via cartão microSD.
Lançado em 2010, o Nokia C3 foi um celular de baixo custo com sistema operacional próprio.

Equipado com teclado QWERTY e tela de 2,4 polegadas, o modelo suportava conexão Wi-Fi, permitindo acessar sites, redes sociais e e-mails, além de fazer downloads e streaming. Sua câmera de 2 megapixels contava com zoom digital de 4x e ajustes de luz.
Essas marcas ajudaram a moldar a relação dos brasileiros com os celulares. Foram pioneiras, ousadas, e marcaram gerações. Mas a indústria da tecnologia não perdoa: quem vacila, fica para trás.
E você? Qual foi seu primeiro celular? Era um Nokia, um Sony Ericsson, talvez um LG? Compartilhe suas lembranças e diga: o que aqueles aparelhos antigos tinham que os smartphones de hoje já esqueceram?