
Nas semanas que antecedem a votação das eleições de 2024 em Patrocínio, a retirada dos tapumes que cobriam o canteiro de obras da Praça Santa Luzia trouxe à tona um projeto de revitalização que tem gerado grande polêmica entre os moradores.
A praça, conhecida por abrigar a igreja de mesmo nome e um dos marcos históricos e culturais da cidade, agora exibe um cenário que muitos consideram uma afronta ao seu valor patrimonial.
A reação nas redes sociais não tardou. Expressões como “feiúra Avenida de uma perna só” refletem o descontentamento da população, que critica a falta de um planejamento moderno e um visual acolhedor.
A praça, em vez de se alinhar às tendências de urbanização das chamadas “Cidades Inteligentes”, foi coberta por um conjunto de blocos de alvenaria que não dialoga com o entorno histórico.
Sete aglomerados de concreto, totalizando quatorze, foram erguidos em paralelo à igreja Santa Luzia e à Avenida Rui Barbosa, modificando drasticamente o cenário.
Desconfiança e Politização
A insatisfação não se limita à estética. Entre os cidadãos, cresce a desconfiança de que a praça possa estar sendo utilizada como moeda de troca em disputas políticas e comerciais.
O receio de que o espaço público se torne um instrumento de favorecimento a grupos específicos está latente.
A surpresa da comunidade com os grandes blocos de concreto se justifica, sobretudo porque o projeto original foi discutido de forma acalorada na Câmara de Patrocínio.
No entanto, o resultado parece ignorar essas discussões e, pior ainda, contradizê-las.
A revitalização que prometia resgatar e valorizar um dos pontos turísticos mais emblemáticos de Patrocínio, acabou por suscitar uma sensação de perda e frustração.
A descaracterização da Praça Santa Luzia, que muitos associam a uma possível falta de sensibilidade para com o patrimônio histórico, coloca em evidência a desconexão entre o poder público e a vontade popular.
Um Projeto que Reflete a Política Local – Obra Eleitoreira
O episódio evidencia o quanto decisões políticas podem impactar diretamente o dia a dia e a identidade dos cidadãos.
A frase “Quem não gosta de política vai ser mandado por quem gosta” ressoa como um alerta para a importância da participação ativa da sociedade nas decisões que afetam o espaço urbano e o legado cultural.
Em tempos de eleição, as escolhas em torno da revitalização da Praça Santa Luzia podem servir como um termômetro para o que a população de Patrocínio deseja para o futuro de sua cidade: respeito à memória, integração com o patrimônio e, acima de tudo, um urbanismo que privilegie a qualidade de vida e a identidade local.
O atual descontentamento com a obra revela a necessidade urgente de uma gestão mais participativa e atenta às demandas dos cidadãos.
O texto foi inspirado no original de Rodrigo Fernandes da Comunidade Fatos e Relatos.