
O café, um dos itens mais tradicionais na mesa do brasileiro, deve sofrer novos reajustes de preço nos próximos meses. O alerta foi feito pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Pavel Cardoso, em entrevista à Rádio Bandeirantes e à BandNews TV.
Segundo ele, o setor já enfrenta uma defasagem considerável nos preços, após um aumento expressivo de até 200% nos grãos arábica e robusta — principais bases do café consumido no país. Cardoso explicou que os produtores seguraram os repasses ao consumidor final até onde foi possível, mas agora os custos se tornaram insustentáveis.
“Já absorvemos boa parte do impacto, mas o cenário não permite mais segurar. O repasse vai acontecer”, afirmou o dirigente, citando que fatores climáticos foram decisivos para a quebra de safra e consequente elevação dos preços. Em 2023, o café tradicional acumulou alta de 39,3%, transformando o pacote de meio quilo, em muitos supermercados, num item de luxo: chegou a R$ 36.
Além das questões internas, a pressão também vem de fora. A China, que até pouco tempo atrás não figurava entre os grandes consumidores da bebida, se tornou o segundo maior mercado de café do mundo. Esse avanço impacta diretamente a demanda global, dificultando o equilíbrio entre oferta e procura.
A expectativa da ABIC é que a nova safra brasileira, cuja colheita começou neste mês de abril, alivie parte dessa pressão e ajude a conter os preços. “Se o clima colaborar, podemos ter uma boa recuperação”, completou Cardoso.
Até lá, o consumidor deve se preparar para novos aumentos — e talvez, repensar a quantidade de cafezinhos ao longo do dia.